DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

25/04/2011

Matadouro



A baba do boi é do boi

O berro do boi é do boi

A dor do boi é do boi

A morte do boi é do boi


Mas o boi não é do boi

O carro de boi não é do boi

A bosta de boi não é do boi

A língua de boi não é do boi

A costela de boi não é do boi

O chifre de boi não é do boi

O couro de boi não é do boi

A carne de boi não é do boi


Não é do boi o bumba-meu boi

Quase nada do boi é do boi

Quase tudo do boi é do homem

E o que é do homem o bicho não come



Celso Borges, São Luís(MA) - 1959-

2 comentários:

  1. Êta delícia! Essa cultura popular tem uma força incrível; somos levados pelo ritmo, pelo tempo dos versos e uma memória ancestral nos arrasta por espaços e tempos imemoráveis. É esse medievalismo presente nas canções de Elomar, presente nas manifestações populares. A força do Boi no Maranhão. Beijos, Cirandeira!

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  2. Rita, quando vejo ou ouço ou leio algo sobre
    a nossa cultura fico realmente muito emocionada
    e o bumba-meu-boi, em particular, me toca profundamente. Acho uma manifestação belíssima!
    Lembra-me minha infância, eu ficava tão fascinada que sentia medo, mas queria sair atrás pra acompanhar as brincadeiras da catirina, dançar sob o batuque daqueles tambores, um sentimento maravilhoso! Mas, como disse muito bem o poeta, "quase nada do boi é do boi"...

    beijos

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