DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

13/05/2009

A Biblioteca de Alexandria




A saga da biblioteca de Alexandria foi o que mais me impressionou, nestas minhas útimas leituras. Uma biblioteca construída no século IV antes de Cristo, que reuniu mais de 700 mil volumes, até mesmo os manuscritos originais de Ésquilo, Eurípedes e de Sófocles. Nela ficaram guardados os rolos de papiros da literatura grega, egípcia e babilônica. E atraiu para Alexandria os principais intelectuais da Antiguidade. Entre eles, Euclides, que, tendo estudado em Atenas com um discípulo de Platão, fundou em Alexandria uma escola de matemática, por volta do ano 300 antes de Cristo.
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Outro cientista importante que se transferiu para Alexandria foi Hierófilo de Calcedônia, que revolucionou a medicina com sua técnica dos exames post mortem, o primeiro médico que dissecou o olho, seguiu os seios nasais até o "torcular herophilis", assim chamado em sua homenagem, e provou que o cérebro era o centro do sistema nervoso, não o coração, como supusera Aristóteles.
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A lista de moradores ilustres inclui ainda Arquimedes, o siciliano de Siracusa, considerado o maior engenheiro da Antiguidade, famoso pela descoberta do princípio que leva o seu nome e por suas invenções, como as máquinas bélicas, e o parafuso d'água, além dos estudos sobre a alavanca e do estabelecimento de importantes relações geométricas.
A Biblioteca de Alexandria atravessou muitos séculos e por pouco não se tornou milenar. No meio dessa trajetória, no ano 40 antes de Cristo, foi danificada por um incêndio provocado pelas tropas de Júlio César, que atacaram Alexandria ao tempo de Cleópatra. Poucos anos depois, Cleópatra conseguiu de seu amante Marco Antônio a doação de 200 mil rolos de pergaminhos da biblioteca de Pérgamo, o que de certa forma indenizava, parcialmente, a perda de 40 mil volumes, provocada pelo incêndio.
Infelizmente, porém, Cleópatra teve a desafortunada ideia de transferir boa parte dos livros para o Templo de Serápis, dedicado ao culto de uma divindade protetora da saúde e que, quatro séculos depois teria graves consequências: em 389 o imperador romano Teodósio, ordenou ao bispo Teófilo a destruição de todos os monumentos pagãos de Alexandria, entre os quais o Templo de Serápis. E assim se perdeu grande parte dos livros.
A Biblioteca de Alexandria, ou o que dela restou, conseguiu funcionar até 642 da era cristã, quando o Egito foi conquistado pelos árabes do general Amr Al As, que atuava em nome do califa Omar. Amr autorizou o uso de livros como combustível das caldeiras que aqueciam os banhos da cidade. Consta que João, o Gramático, um ex-padre apaixonado por livros, tentou persuadir Amr a não queimar os livros e foi por este encaminhado ao califa Omar, que entretanto, não se sensibilizou com seus argumentos. Para Omar, livros contrários ao Corão "deviam ser destruídos, porque hereges, bem como os que lhe fossem favoráveis, porque desnecessários."



Extraído de "O Homem Horizontal", de Remo Mannarino, escritor mineiro, radicado no Rio de Janeiro



5 comentários:

  1. .

    perderam-se as obras de Homero...
    e que tal a Biblioteca Internacional do Rio de Janeiro?

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    Bjos,

    Gustavo

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  2. Oi Cirandeira,

    Já está em nosso bom e velho português. Vai lá e faz um comentário agora.
    "...ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, meia volta vamos dar."
    abraço,

    Gus

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  3. Adorei sua visita, assim como a História de Alexandria.
    Volte sempre para ver as aventuras de Raposo e Matilda(você já conheceu o Raposo?)e pode votar a vontade, lá no blog vocês é quem mandam.
    Bjs

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  4. Para mim é honra maior ser mencionado no seu blog, entre coisas tão bonitas.
    Tragédias da humanidade, não menos que isso, querida Cirandeira: Hipácia, Giordano Bruno, Lavoisier, a destruição da Biblioteca de Alexandria... Fatos que não entendo, até me desconcertam.
    Obrigado pela citação e um grande abraço.

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  5. Gostei muito do texto exposto nessa postagem de uma valiosa narrativa da história num apanhado geral de um tema apaixonante para quem gosta e quer se enriquecer.
    Para você ver... a própria história apagando a história ao destruir a biblioteca de Alexandria, por motivos religiosos dos fanáticos e donos da verdade, num desrespeito aos que os antecederam com riquíssimos documentos históricos.
    E há quem nega ler sobre a história.
    Muita honra para você e seu espaço receber a visita do autor Remo Mannarino, um grande perquisador e dono de um blog riquíssimo. Você merece essa visita.
    Obrigada pelo comentário sobre meu poema no Viart. Fico feliz por ter gostado e pelos elogios, principalmente vindo de você.
    Beijos

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