DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

05/05/2009

Sobre a Leitura e os Livros


Ocorre na literatura o mesmo que na vida: para onde quer que alguém se volte, depara-se logo com o incorrigível vulgo da humanidade, que se encontra em toda parte em legiões, enchendo e sujando tudo, como as moscas no verão. Isso explica a quantidade de livros ruins, essa abundante erva daninha da literatura, que tira a nutrição do trigo e o sufoca. Pois eles roubam tempo, dinheiro e atenção do público, coisas que pertencem por direito aos bons livros e a seus objetivos nobres, enquanto os livros ruins são escritos exclusivamente com a intenção de ganhar dinheiro ou criar empregos. Neste caso, eles não são apenas inúteis, mas realmente prejudiciais. Nove décimos de toda nossa literatura atual não têm nenhum outro objetivo a não ser tirar alguns trocados do bolso do público: para isso, o autor, o editor e o crítico literário compactuam.

Um golpe pior e mais maldoso, porém mais digno de consideração, foi dado pelos escritores prolixos que fazem da literatura seu ganha-pão, contra o bom gosto e a verdadeira formação da época, possibilitando que eles levem todo o "mundo elegante" na coleira, tornando-o adestrado a "ler" no momento certo, isto é, fazendo todos lerem sempre a mesma coisa, o livro mais recente, a fim de ter um assunto para conversar em seu círculo.

(.)

Quanto às obras ruins, nunca se lerá pouco quando se trata delas; quanto às boas, nunca serão lidas em excesso. Livros ruins são veneno intelectual, capaz de definhar o espírito. Para ler o que é bom, uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados.



"A Arte de Escrever" - Arthur Schopenhauer - (1788-1860)

2 comentários:

  1. Schoppenhauer dizia que jamais poderia ser permitido a nehuma mulher depôr em um tribunal. Será porque mentem bem?

    Abs,

    Gustavo

    ps: passa no papagaio para a gente tomar um café e discutir filosofia, apesar de que:
    "filosofia não se discute".
    Masturbemos nossos autores diletos...
    rs Eu não sou gay.

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  2. Uma opinião sobre o texto de Arthur Schopenhauer:

    Schopenhauer parte do pressuposto de que, ao ler um livro ruim, a pessoa deixa de ler um livro bom.
    Tenho para mim (eu que vivo me equivocando)que a maioria das pessoas não lê livro nenhum, nem bom nem ruim. Se for assim, pode-se perguntar se o livro ruim ou "prolixo" não é um mau menor, ou seja, melhor do que livro nenhum.
    Quem sabe a leitura de um livro "prolixo" não conduza o leitor aos bons livros?

    Comento agora sua visita (como sempre generosa) ao meu blog, fazendo referência ao comentário que fez sobre a postagem do Johannes Kepler:

    Não acho que tenha havido arrefecimento no progresso da ciência, que se iniciou, na sua fase moderna e "matemática", com Galileu e Newton e experimentou grande impulso com os trabalhos de Dalton, Huyghens e Maxwell, Mayer e Carnot, no decorrer dos séculos XVII, XVIII e XIX. Essa a fase clássica.
    No alvorecer do século XX, acreditava-se que tudo já estava descoberto, conforme célebre carta que Lord Kelvin escreveu na década de 1900.Para ele os físicos deveriam tornar-se "aprimoradores" do que seus antecessores descobriram, pois pouca coisa restava para ser descoberta.
    Essa carta foi um erro histórico e faz parte do anedotário da ciência.
    Pois, imediatamente a seguir, a ciência entrou numa fase de extraordinário desenvolvimento e importância, com o advento da Teoria da Relatividade e da Física Quântica, que se ocupam do "muito veloz" (velocidade da luz) e "do muito pequeno" (interior do átomo).Com esses construtos de alta erudição e complexidade, a ciência entrou num superlativo desenvolvimento, que se prolonga até os nossos dias, com implicações tecnológicas que vão desde o surgimento dos computadores, internet, revolução nas comunicações, viagens espaciais e tantos recursos eletrônicos até as modernas concepções do "Big Bang". Na verdade, um progresso incessante, que nos desconcerta e nos leva à perplexidade.
    A ciência vai em frente porque tem uma filosofia admirável: questionar-se todo o tempo e, sempre que necessário e possível, substituir por uma teoria melhor uma teoria que um dia substituiu uma teoria precedente.Levantando, sacudindo a poeira, dando a volta por cima.
    Obrigado pela visita!

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