Quando se nasce, a nossa morte sai do túmulo, como nós do ventre. Devagar, corcunda e velha, contrasta com a nossa juventude. Nós somos crianças quando ela é uma velha, enrugada, fraca e decrépita. E todos nós vamos envelhecendo enquanto ela vai rejuvenescendo. A certa altura da vida, os dois rostos, o nosso e o da nossa morte, cruzam-se e são iguais como num espelho. Acontece por volta dos trinta. Por isso, quando um homem antes de morrer vê a cara da morte, nesse trágico instante, ela tem a cara que nós tínhamos quando saltamos do ventre materno: uma cara de bebê recém-nascido.
Afonso Cruz, ilustrador, músico e escritor português.
Que grande idéia essas paralelas em direções contrárias. Nascimento e morte são dois extremos misteriosos.
ResponderExcluirBeijo.
muy bella imagen.
ResponderExcluirun abrazo
Ci, que punk essa percepção de que a morte sai do túmulo quando alguém nasce! Super genial. Estou impressionada!
ResponderExcluirbj.
É VERDADE QUE QUANDO NASCEMOS, NOSSO TEMPO JÁ ESTÁ SENDO CRONOMETRADO, JÁ EXISTE UMA CONTAGEM REGRESSIVA.
ResponderExcluirO vai-e-vem de nossa existência, a descida de volta...!!!?
ResponderExcluirE por mais que muitos pensem que são eternos, ninguém escapa: mais dia, menos dia, não tem
ResponderExcluir"perhaps"...!
Um texto muito bem conseguido, "bem achado"...
ResponderExcluirBeijo :)