Khakiv, rua Nikolai Gogol
Fala também tu,
fala em último lugar,
diz a tua sentença.
Fala -
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia noite e o meio dia e a meia noite.
Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! -
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra,
para onde?
Sobe. Tateia o ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, sutil!
Mais sutil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para embaixo nadar, embaixo,
onde pode ver-se o cintilar:
na ondulação das palavras errantes.
em "De Limiar em Limiar", de Paul Celan, nascido em Czernowitz, Ucrânia. Poeta que conheceu os horrores do nazismo, tendo perdido os pais que foram assassinados nos campos de concentração, cometendo o suicídio anos mais tarde. (1920-1970)
MUY CRUDO Y TRISTE TEXTO.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Boa tarde, amiga!
ResponderExcluirSó um poeta com essa história de tanta dor nos daria um poema de tamanha sensibilidade. Além do mais, os ucranianos, digo até por intuição, possuem "um toque" diferente dos demais.
Desejo-te um final de semana pleno de criatividade!
Beijos carinhosos
Ah, esse espelho d'água do teu layout me encantou.
ResponderExcluirLindo demais!!!
Que incrível, não? Fazer-se essa única e possível via sem sombras para a descida das estrelas. Torna-te mais sutil, mais despido dos horrores.
ResponderExcluirÀs vezes, fazer poesia parece ser um agitar-se na areia movediça; mas, e daí que afundarmos mais rapidamente? Afinal, é tudo a ilusão de nos salvarmos com alguma beleza.
Beijo.