Às vezes no alto mar, distrai-se a marinhagem
com a caça do albatroz, ave enorme e voraz,
que segue pelo azul a embarcação em viagem,
num voo triunfal, numa carreira audaz.
Mas quando o albatroz se vê preso, estendido
nas tábuas do convés, - pobre rei destronado!
Que pena ele faz, humilde e constrangido,
as asas imperiais caídas para o lado!
Dominador do espaço, eis perdido o seu nimbo!
Era grande e gentil, ei-lo grotesco verme!
Chega-lhe um ao bico o fogo do cachimbo,
mutila um outro a pata ao voador inerme.
O poeta é semelhante a essa águia marinha
que desdenha da seta, e afronta os vendavais;
exilado na terra, entre a plebe escarninha,
não o deixam andar as asas colossais!
Charles Baudelaire, em As flores do mal.
Tradução de Delfim Guimarães
Ci,
ResponderExcluirO poeta, por vezes, é um remador que encaminha o seu frágil bote contra as altas vagas...
Beijo :)
É melancólico, triste e sério. Requer silêncios. Bela foto! Beijos, Cirandeira!
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