tão pobre e mísero estava
que apenas se sustentava
com as ervas que colhia;
"Haverá alguém", se dizia,
"mais triste e vil do que sou?"
E quando o rosto voltou
achou a resposta, vendo
outro sábio recolhendo
as folhas que ele jogou.
{.....}
Sonha o rei que é rei, e deve
com este erro viver mandando,
só dispondo e governando,
e este aplauso, que por breve
período recebe, inscreve
no vento, e em cinzas a morte
o converte, triste sorte!
Há quem pretenda reinar
vendo que há de despertar
em pleno sono da morte?
Sonha o rico em sua riqueza,
que mais ganhos lhe oferece,
sonha o pobre que padece
sua miséria e sua pobreza,
sonha o rei que terá grandeza,
sonha o que afana e pretende,
sonha o que agrava e ofende,
e no mundo, em conclusão,
todos sonham o que são,
embora ninguém o entenda.
Eu sonho que estou aqui
das prisões encarregado,
e sonhei que em outro estado
mais lisonjeiro me ví.
Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção,
e é pequeno o maior bem
que a vida é sonho também,
e os sonhos, sonhos são.
{.....}
Pedro Calderón De La Barca, Madrí, 1600-1681
Ci, que beleza! E as imagens que você coloca são simplesmente deslumbrantes..
ResponderExcluirBeijos,
MARAVILLOSO TEXTO, MUY DISIENTE!!!
ResponderExcluirUN ABRAZO
Adoro!
ResponderExcluirbeijosss