DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

23/02/2011

Palavras tantas. Quantas?



Quantas palavras seriam necessárias para preencher-me? Tantas que conheço, outras muitas que desconheço. Às vezes me pergunto para quê? Para quem? Por quê escrever para um espaço virtual? Milhões de criaturas fazem isso. Mas exatamente para quem, para quê? Seria por solidão, por carência ou por simples vaidade?
São centenas de milhares de pequenas ilhas incomunicáveis entre si.
Para quem você escreve?
O quê você realmente deseja?
Crescer, comunicar-se com o outro?
Tornar-se um escritor?
Um contista! Quem sabe um poeta?
Você aceita críticas, o contraditório?
Ou quer apenas receber elogios, loas?
Confesso que sinto um tédio enorme diante dessa rotinazinha de “trocar figurinhas”:
“- Ai que lindo!, adorei”...
“- Muito bom. Não conhecia...”
“- Como escreves bem, um verdadeiro poeta!...”

Quando você faz um comentário diferente do habitual, tentando aprofundar um pouco, recebe como resposta o silêncio, o distanciamento, a maioria foge.!
O quê você realmente deseja?
- desabafar suas angústias de uma forma aparentemente criativa, original?
- fazer proselitismo religioso, político ou existencial?
- trocar informações
- conhecer outras formas de pensar
- outras formas de sentir ou
- impor sua maneira de ser,
- fortalecer seus preconceitos, suas crenças?

Tantas palavras que conheço, tantas idéias convencionalmente bem formuladas, mas que se perdem na poeira, na bruma virtual, aumentando cada vez mais o fosso entre as pessoas... Mas alguns alimentam a ilusão de se tornarem célebres, a ilusão de serem os donos da palavra, das ideias...


N.B. Recebí esse texto por e-mail, e como achei-o bem interessante, sentí vontade de repassá-lo, porque também me tenho feito essas perguntas.

9 comentários:

  1. DESAFORTUNADAMENTE EL EGOCENTRISMO, AÚN ES UNA OPCIÓN DE LA MEDIOCRIDAD. EXCELENTE POST. GRACIAS POR COMPARTIRLO.
    UN ABRAZO

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  2. Concordo integralmente. E me esforço para não incorrer em alguns dos erros apontados. Ilusões não tenho. Perguntar-me por que escrevo é algo que faço há mais de 25 anos, bem antes de surgir a internet como a conhecemos hoje. E ainda não tenho resposta.

    Beijo.

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  3. Pois eu não concordo. Nem vaidade, nem carência, nem solidão tem a ver com os blogs, ou grande parte dos blogs. Eu escrevo porque gosto, já escrevia antes de ter o meu bípede e escrevo porque escrever é bom mesmo quando é ruim e publico agora em posts o que passsa na minha cachola porque os meus neurônios são também palavras e as palavras são estradas e nuvens e nas minhas estradas e nuvens cabe gente, muita gente, que eu me myself and I me ocupo com pouco espaço e eu gosto de gente, acredito em gente, acredito em ideias e acredito que a amizade não acontece só entre vizinhos, amizade acontece onde há respeito, empatia, afeto e inteligência e o mundo virtual é virtual mas é construído por essas gentes em quem eu acredito, e o mundo virtual é como um livro universal escrito a milhões de mãos, irregular como é a vida, e sem custos, que a vida é cara e a democracia uma brinquedo para algumas crianças, e o que eu desejo na Internet, o que espero dela, espero dele é o mesmo que eu espero aqui desse outro lado, que as pessoas sejam interessantes e se desprendam o que for possível de tanta hipocrisia.
    beijos.
    BF

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  4. Cirandeira, estou de volta porque me lembrei de um belíssimo poema de Dylan Thomas:

    (Tradução de Ivan Junqueira)

    EM MEU OFÍCIO OU ARTE TACITURNA

    Em meu ofício ou arte taciturna
    Exercido na noite silenciosa
    Quando somente a lua se enfurece
    E os amantes jazem no leito
    Com todas as suas mágoas nos braços,
    Trabalho junto à luz que canta
    Não por glória ou por pão
    Nem por pompa ou tráfico de encantos
    Nos palcos de marfim
    Mas pelo mínimo salário
    De seu mais secreto coração.

    Escrevo estas páginas de espuma
    Não para o homem orgulhoso
    Que se afasta da lua enfurecida
    Nem para os mortos de alta estirpe
    Com seus salmos e rouxinóis,
    Mas para os amantes, seus braços
    Que enlaçam as dores dos séculos,
    Que não me pagam nem me elogiam
    E ignoram meu ofício ou minha arte.


    Um abraço

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  5. Adorei o poema, Marcantonio, e vou aproveitar
    para republicá-lo em uma próxima postagem, porque tem tudo a ver com esse assunto.
    Obrigada, :)

    beijo

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  6. Le, os teus argumentos são muito bons e verdadeiros, não tenho a menor dúvida! Mas devo
    dizer que é um lado da questão, porque não é
    exatamente o que acontece na blogosfera em geral. O que tenho visto através da blogosfera
    são aproximações superficiais e aleatórias. Digamos que há uma mistura de várias tendências, mas não afirmaria, categoricamente,
    que a internet é um local onde se constroi muitas amizades. Diria, sim, que há boas e honrosas exceções, não é a regra, não é o usual...Mesmo gostando muito de trabalhar nesse espaço dos blogs, tenho de admitir que muitas vezes fico desanimada, triste mesmo, e já pensei várias vezes em sair daqui. Enfim, a internet é constituída múltiplicidade de pensares. O que mais gosto é da possibilidade de desencadear discussões, contraditórios, do enriquecimento das ideias. Isso sim, acho muito bom!!

    beijo

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  7. Ci, mas na vida real também não se constroem amizades superficiais e aleatórias em grande escala, que dois mil colegas de aula ou trabalho, por exemplo, que devo ter tido na vida, uns dois ou três ficaram mesmo meus amigos. O mundo da vida é tão descartável quando o da net, com a diferença que aqui a gente já vem avisado de quem nem todos são o que parecem.
    beijos

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  8. Dessa vez tu me pegaste mesmo, hein? Tens toda razão em relação a amigos em relação a banalidade e descartabilidade desse mundéu. Mas ainda acho que perdemos ótimas oportunidades para ampliar, expandir conhecimentos. Enfim, vamos cada um tentando
    abrir picadas, abrindo veredas e caminhos...
    Acho muito legal essa tua maneira apaixonada diante da vida!

    beijo

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  9. dos mil virou dois mil :) será um ato falho???
    beijos

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