O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tão pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mãos
estavam os montes e os rios
e as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.
Hoje os montes e os rios
e as nuvens
não vêm nas tuas mãos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens
e sem rios...)
O Domingo está apenas nos meus olhos
e é grande.
Os montes estão distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.
Eugênio de Andrade, «As Mãos e os Frutos» em Poesia, Porto, Fundação Eugénio de Andrade, 2005, 2.ª ed.
AS palavras, elas conseguem desocultar o invisível das coisas...
ResponderExcluirAbç fraterno
GUAU... QUÉ ROMANTICISMO!!!!...
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