Michel Eastman
A Roman Jakobson
1
Entre o que vejo e o que digo,
entre o que digo e o que calo,
entre o que calo e o que sonho,
entre o que sonho e o que esqueço,
a poesia.
Desliza
entre o sim e o não:
diz
o que calo,
cala
o que digo,
sonha
o que esqueço.
Não é um dizer:
é um fazer.
É um fazer
que é um dizer.
A poesia
se diz e se ouve:
é real.
E, apenas digo
é real,
se dissipa.
Será assim mais real?
2
Idéia palpável,
palavra
impalpável:
a poesia
vai e vem
entre o que é
e o que não é.
Tece reflexos
e os destece.
A poesia
semeia olhos na página,
semeia palavras nos olhos.
Os olhos falam,
as palavras olham,
os olhares pensam.
Ouvir
os pensamentos,
ver
o que dizemos,
tocar
o corpo da idéia.
Os olhos
se fecham,
as palavras se abrem.
A Roman Jakobson
1
Entre o que vejo e o que digo,
entre o que digo e o que calo,
entre o que calo e o que sonho,
entre o que sonho e o que esqueço,
a poesia.
Desliza
entre o sim e o não:
diz
o que calo,
cala
o que digo,
sonha
o que esqueço.
Não é um dizer:
é um fazer.
É um fazer
que é um dizer.
A poesia
se diz e se ouve:
é real.
E, apenas digo
é real,
se dissipa.
Será assim mais real?
2
Idéia palpável,
palavra
impalpável:
a poesia
vai e vem
entre o que é
e o que não é.
Tece reflexos
e os destece.
A poesia
semeia olhos na página,
semeia palavras nos olhos.
Os olhos falam,
as palavras olham,
os olhares pensam.
Ouvir
os pensamentos,
ver
o que dizemos,
tocar
o corpo da idéia.
Os olhos
se fecham,
as palavras se abrem.
Octavio Paz, México - 1922-1998 - Tradução:Anderson Braga Horta
SIEMPRE MUY INTERESANTE LO QUE USTED NOS COMPARTE.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Maravilha! A palavra poética revista com um lirismo didático num metapoema belíssimo.
ResponderExcluirSempre bom vir a este canto...
abraços.
Que bom!, Celso.
ResponderExcluirÉ sempre bom receber a tua visita!
abraços